Abandonei os estudos logo após terminar o 1º ano do ensino médio em 1995. Naquela ocasião, me dividia entre o trabalho como vendedora de loja, com horário fixo só de entrada, de segunda a sexta feira. Confesso que também não lutei por isso. Dentre outras coisas, tive medo de questionar meus empregadores e correr o risco de ser demitida. Não os consultei à época, para quem sabe, me ajudar com uma possível flexibilidade de horários. Eu simplesmente desisti. Em 2002, já casada e com um filho de 5 anos, mudei de cidade e fui morar ao lado de uma escola. E ali, observando o vai e vem dos alunos que passavam em frente a janela de minha casa, ficava imaginando como teria sido se eu tivesse continuado. Diante destas reflexões e observações, me recordo de uma senhora com uniforme de trabalho, que descia apressada do ônibus, levando consigo livros e cadernos para iniciar os estudos no turno da noite. Essa senhora não sabe, mas ela foi uma das minhas grandes incentivadoras. Retomei os estudos e no final de 2003 enfim, terminei o ensino médio e quase não acreditava que havia conseguido. Fiquei muito feliz com minha conquista, pois só eu sabia o quanto foi difícil vencer a mim mesma todos os dias. Até ali eu ainda era um dos maiores sabotadores de minha vida. Lembro-me da primeira experiência que vivi e que mostrou que eu estava no caminho certo e foi quando consegui uma vaga concorrida de emprego, que exigia que o candidato tivesse concluído ou estivesse cursando o ensino médio. O trabalho, as novas responsabilidades, o casamento, o nascimento de meu segundo filho e a necessidade de equilibrar meus múltiplos papéis, me fizeram mais uma vez, engavetar outro sonho; o da faculdade. Com o divórcio em 2016 apesar dos desafios, vieram também incríveis oportunidades de mudanças. Dizem que a frase a seguir é de Dalai Lama, não sei se é verdade, mas que confirma minhas experiências ao longo da vida e isto posso afirmar.“É durante as fases de maior adversidade que surgem as grandes oportunidades de se fazer o bem a si mesmo e aos outros.” E aos poucos os sonhos foram sendo "desengavetados" e aprender a ressignificar áreas de minha vida foi crucial para viver "o novo", que eu acreditava que poderia ser ainda melhor. Em 2019, após terminar minha 1ª Graduação, descobri que me reencontrei com aquela jovem sonhadora que queria conquistar o mundo através do saber, da leitura, dos estudos, dos textos, das poesias, sobretudo de uma vontade danada de fazer tudo aquilo que faz seu coração bater mais forte. Agora, com mais maturidade na bagagem e certeza de onde quero chegar, olho para trás e mal consigo acreditar que tenho uma rotina diária de estudos, que mesmo com cansaço e os desafios, não me traz peso, muito pelo contrário, somente prazer. E quando me perguntam onde quero estar daqui a 10 anos, não tenho dúvidas: se Deus me permitir, firme com Ele e seja lá onde for, terei terminado a faculdade de Direito e ainda estarei estudando, pois conhecimento é um tesouro que além de poder ser compartilhado, ninguém pode nos tirar. Se você leu esse texto até o final, espero que assim como aquela “senhora” que descia do ônibus apressada para ir à escola me influenciou, eu possa ser uma gotinha de incentivo em sua vida também. Não importa o quão distante possa parecer o espaço entre você e seu sonho, o que importa de fato é a sua vontade de correr atrás dele. No meio do caminho virão as dificuldades, os desafios e até a vontade de desistir. Até hoje, de vez em quando ela ainda vem, mas não negocie aquilo que faz seu coração bater mais forte. Isto não diz respeito só a você, mas a um legado que você deixará para as suas próximas gerações. Não desista! " Sorte é o que acontece quando a capacidade encontra a oportunidade" Claudinha
0 Comments
|
Claudia MendesProdutora de conteúdo, escritora e profissional de Administração. Clique aqui para editar.
Posts
June 2023
|